terça-feira, 1 de junho de 2010

A descolagem chinesa


Na China, o Estado transformou determinadas cidades em “Zonas Económicas Especiais”, livres das habituais tarifas fiscais. O investimento estrangeiro era tão compensador que rapidamente as marcas ocidentais foram aí implantadas e as empresas locais desenvolveram-se. A descolagem económica assentou, também, na força da mão-de-obra:


  • Apercebendo-se do desenvolvimento económico do litoral, uma vaga de camponeses pobres migrou paras as cidades industriais em busca de emprego

  • A indústria de produtos de consumo desenvolveu-se com base no trabalho operário muito intensivo, mal pago e sem regalias sociais

O dinamismo económico asiático

O progresso económico asiático desenrolou-se em quatro etapas:
  • Milagre japonês (décadas de 50-60): o Japão ocupou o lugar pioneiro na descolagem económica, tornando-se exemplo, na Ásia, de que era possível um desenvolvimento acelerado apesar da insuficiência de recursos e da destruição causada pela 2GM
  • “Quatro dragões” (anos de 60-70): a Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e Hong-Kong constituem os “quatro dragões” ou NPI (novos países industrializados); o seu sucesso económico assemelha-se ao do Japão: a escassez de recursos naturais foi compensada com o esforço de uma mão-de-obra barata e abundante apoio do Estado. Estes países destacaram-se na produção automóvel, nas novas tecnologias, na construção naval
  • Países da ASEAN (décadas de 70-80): Associação das Nações do Sudeste Asiático – composta pela Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas e Singapura. Surgiu em 1967, porém foi apenas nos anos 70, quando o mundo ocidental vivia a crise da instabilidade monetária e o choque petrolífero, que o Sudeste Asiático começou a servir de mercado de exportação para o Japão e os NPI; em troca, os países do Sudeste Asiático forneciam aos seus parceiros comerciais asiáticos as matérias-primas necessárias e bens de consumo de qualidade inferior
  • República Popular da China (anos de 80-90): após a morte de Mao tsé-tung (1976) a RPC passou a ser governada, até 1997, por Deng Xiaoping; apesar de manter em vigor um regime autoritário controlado pelo PC, Xiaoping instaurou uma economia de mercado nas regiões costeiras da China, da qual resultou a descolagem económica da China a partir dos anos 80.

Dificuldades de uma total união política europeia

A união económica da Europa resultou num acréscimo de riqueza para os estados-membros. Todavia, a união política tem encontrado resistências. O Tratado de Maastricht estendeu o entendimento europeu à harmonização de políticas comuns para a justiça e assuntos internos, a política externa e de segurança, a cidadania europeia; todos estes assuntos interferem com a política com as políticas nacionais, como tal, a polémica instalou-se:
  • Alguns países (Reino Unido, Dinamarca, Suécia) recusaram adoptar a moeda única
  • O projecto de uma Constituição Europeia, saído da Convenção para o Futuro da Europa (2002), acabou por não ser aprovados, devido aos resultados negativos dos referendos à população na França e na Holanda
  • Os problemas para uma harmonia política comum foram agravados com a entrada de novos países para a UE

A construçao da União Europeia


A ideia de uma Europa unida, que se iniciara com o Tratado de Roma em 1957, ganhou novo alento, extravasando do campo económico para o político e motivando a adesão de um número sempre crescente de países. No início dos anos 80 vigorava a Europa dos nove, porém, desde a concretização da união aduaneira (livre circulação de mercadorias) de 1968, o projecto europeu encontrava-se estagnado.

A partir de 1985, Jacques Delors tornou-se presidente da Comissão Europeia imprimindo, durante o seu mandato, um impulso de renovação à Comunidade Económica Europeia:


  • Em 1986, foi assinado o Acto Único Europeu para o estabelecimento de um mercado único: eliminação dos postos fronteiriços

  • Em 1992, celebrou-se o Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht), que fundou a União Europeia, alargando, consideravelmente, as competências da CEE: passou a abranger domínios como a política externa e a segurança comum; foi instituída a cidadania europeia; foi também lançado o objectivo da moeda única

  • Em 1999, realizou-se a união monetária: o euro entra nos mercados de capitais e cria-se o Banco Central Europeu para delinear a política monetária da EU. O euro seria capaz de competir com o dólar americano

  • Em 2002, os cidadãos dos estados-membros, à excepção do Reino Unido, substituem as moedas nacionais pelo euro

O poder economico americano

Em termos económicos, a supremacia dos EUA alicerçou-se sobre o progresso dos seguintes sectores de actividade:
  • Agricultura – representam o primeiro lugar da exportação de produtos agrícolas, a nível mundial, graças à enorme produtividade dos seus complexos agro-industriais situados no Sul do território; aí a agricultura beneficia da aliança com as indústrias a ela associadas (a produção de máquinas agrícolas, por exemplo). Os EUA ocupam a primeira posição, a nível mundial, na produção de soja e milho
  • Indústria – a produção têxtil e siderúrgica que nos anos 60 constituía um dos principais pólos dinamizadores da economia dos EUA decaiu em favor das indústrias de alta tecnologia. Algumas unidades industriais foram deslocalizadas para o México, no intuito de beneficiar de mão-de-obra barata. Os EUA são os primeiros produtores, a nível mundial, de automóveis, alumínio, têxteis sintéticos e produtos farmacêuticos
  • Comércio – os EUA colocaram como prioridade o desenvolvimento do sector comercial durante a presidência de Bill Clinton (1993 e 2001). Para rivalizar com a EU e revitalizar a economia, estimularam o comércio entre os EUA, o Canadá e o México (através da NAFTA, 1994) e realizaram uma aproximação económica à zona do Sudeste Asiático (por meio da APEC, 1989), de maneira a participar do crescimento económico asiático
  • Tecnologia – os EUA são o país que mais invente na investigação científica, a qual é frutiferamente aplicada no progresso tecnológico. A aplicação das descobertas cientificas no mercado é feita por meio dos tecnopólos – parques tecnológicos.

O sector terciário tem também um grande peso na economia americana: ocupa 75% da população activa a traduz-se por 70% do PIB.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O impacto do fim do modelo soviético no Mundo

A separação do bloco soviético significou um reajustamento do equilíbrio de forças a nível mundial.
O mundo desenvolvido concentra-se, na viragem do século XX para o século XXI, em três zonas: Estados Unidos da América, União Europeia e Ásia-Pacífico. Esta tríade representa a maior parte das exportações mundiais e o mais elevado PNB per capita. Entre estas três regiões salienta-se a dos EUA, que com a ausência do rival soviético se tornou na primeira potência a nível mundial.

A transição dos antigos países comunistas para o sistema económico capitalista

A economia socialista caracterizava-se, essencialmente, pelo seu controlo estatal: a produção era sujeita a planos quinquenais, as empresas sobreviviam à custa de subsídios e seguia-se a política de pleno emprego, ainda que a mão-de-obra fosse excedentária.
Porém, o sistema capitalista prevê a livre concorrência e a iniciativa privada, com vista à obtenção de lucro.
A queda dos regimes políticos de tipo socialista, nos anos 80 e 90, originou a transição, ao nível económico, para o capitalismo. Esta mudança rápida provocou, nos países do Leste europeu, uma desorganização económica acentuada:
  • Os preços dos bens de consumo subiram a um ritmo muito mais acelerado do que os salários, o que provocou a perda do poder de compra dos cidadãos
  • Para se tornaram lucrativas, as empresas despediram muitos assalariados
  • Várias empresas estatais forma compradas por agentes económicos privados através de processos corruptos
  • As moedas nacionais (por exemplo, o rublo) desvalorizaram

Em consequência, o PNB decaiu vertiginosamente nos países do Leste durante os anos 90. Os produtos da sociedade de consumo, que estavam antes afastados destes cidadãos pelo regime comunista, entraram massivamente nos países do Leste, porém, não foram adquiridos pela maioria da população, visto que a riqueza se concentrou numa pequena percentagem da população; esses produtos ainda contribuíram para agravar o défice comercial.

A este retrocesso económico apenas constituíram excepções a República Checa, a Hungria, a Polónia e a ex-RDA. Estes países registaram uma evolução económica positiva devido a uma conjuntura política favorável e ao investimento externo.

domingo, 23 de maio de 2010

O novo mapa político do Leste europeu

O fim do bloco do Leste alterou o mapa político da Europa:
  • Em 1991, o território da URSS deu lugar à CEI (Comunidade de Estados Independentes), composta por onze estados: Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão, Ucrânia e Usbequistão, aos quais se juntou a Geórgia em 1993. Os Estados Bálticos (Estónia, Letónia, Lituânia), que foram os primeiros a tornar-se independentes (1988, 1990) não integraram a CEI. A criação da CEI conduziu à demissão de Gorbatchev do cargo de presidente da URSS, após ter visto fracassar o seu projecto de criar a URS (União das Repúblicas Soberanas)
  • A reunificação alemã foi negociada, em 1990, através de um tratado elaborado entre as partes com direitos de soberania sobre o território – a RDA, a RFA, a Inglaterra, os Estados Unidos, a França e a URSS
  • A Checoslováquia deu origem a duas repúblicas: a República Checa e a Eslováquia
  • A transformação da Jugoslávia na República Federal da Jugoslávia deu origem à independência da Eslovénia, da Croácia, da Bósnia-Herzegovina e da Macedónia nos anos de 1991-92

terça-feira, 11 de maio de 2010

O fim do modelo soviético - a perestroika


Nos anos 80 do século XX, o sistema comunista encontrava-se obsoleto:
  • O controlo estatal conduziu a economia para um processo de estagnação

  • A administração do território sufocava sob o peso da burocracia

  • A política estava a cargo de funcionários do Partido Comunista

  • As liberdades individuais permaneciam restritas

  • O apoio financeiro fornecido aos países que se situavam do lado do bloco soviético representavam um grande encargo financeiro e militar

  • Os cidadãos tinham um nível de vida carenciado

  • A corrida aos armamentos, para além de ameaçar a segurança mundial, exigia grandes investimentos por parte da União Soviética.

Perante este quadro pessimista, a reforma partiu de dentro do próprio sistema. Gorbatchev delineou um plano abrangente: a perestroika, que serviria para ultrapassar o processo de estagnação e iniciar o progresso social e económico.

A nível económico, a perestroika incentivava a iniciativa privada e a descentralização da economia, permitindo que a livre-concorrência funcionasse como um estímulo para a produção. O objectivo era, portanto, satisfazer as necessidades do povo soviético, melhorando o seu nível de vida e as condições de trabalho, desenvolver a educação e promover os cuidados médicos. Este plano veio por em causa os planos quinquenais, que haviam caracterizado mais de 50 anos da História da Rússia.

Na vertente política, a prioridade era a transparência. Esta política de transparência abrangia, essencialmente, a luta contra a corrupção e censura, a aproximação ao Ocidente e a realização de eleições livres. Em consequência da sua aplicação em 1987, Gorbatchev e Ronald Reagan (presidente dos EUA), assinaram o Tratado de Washington para a destruição de armas atómicas. Paralelamente à aproximação estabelecida com o Ocidente, Gorbatchev apoiava a libertação dos países do Leste do controlo soviético; todavia, acreditava ainda na preservação da unidade da antiga URSS.